Amanda Lima
No final de 2020, um ano completamente caótico e marcado por uma pandemia que mudou o mundo, eu me encontrava em um momento em que a maioria dos universitários, cedo ou tarde, acaba enfrentando: o término no contrato de estágio e a incerteza da efetivação.
Naquele período, eu vinha de ciclos de ótimos feedbacks dados pelos meus gestores, ouvia de colegas de trabalho e amigos que, para alguém com 21 anos, eu tinha um ótimo currículo e que, caso não fosse efetivada, poderia buscar outras oportunidades. No entanto, estávamos em uma pandemia, vagas congeladas, um futuro (e um presente também) sem precedentes e sobre o qual ninguém tinha muito certeza - o que seria o "novo normal"? Além disso, eu não tinha experiências fora as que a Liga me proporcionou, como um intercâmbio, por exemplo, e sabia que precisava continuar trabalhando para ajudar minha família. Contexto este que propiciou ansiedade e insegurança suficientes para me proporcionar muitos pensamentos conflitantes e noites mal dormidas.
Coincidentemente, os meses que antecediam o término do meu contrato, eram também um período de abertura de diversos processos seletivos, entre eles, os de Trainee. Contudo, os processos seletivos para Trainee nunca me representaram uma possibilidade com boas chances de concretização. O motivo? Para mim pareciam algo muito distante, como uma montanha alta demais para eu escalar e muito menos chegar ao topo. Eu já havia visto pessoas incríveis as quais tenho como referência, serem reprovadas nestes processos, logo, não conseguia vislumbrar uma aprovação.
Naquela época, eu tinha como gestor imediato uma pessoa fora do comum, em competência e em gestão de pessoas. Foi graças à insistência dele e de pessoas próximas a mim que me inscrevi para processo seletivo de Trainee do Itaú BBA, o banco de atacado do Itaú Unibanco, porém, ainda assim sem grandes expectativas, afinal, o trainee do Itaú é um dos processos seletivos mais concorridos do Brasil, e eu já havia ouvido rumores de que este seria o ano com a menor quantidade de vagas disponíveis na história do programa.
Pouco tempo depois de realizar a minha inscrição e antes da primeira fase acontecer, eu estava em uma conversa com a minha então mentora e, durante essa conversa fiz a ela um alerta, de que não colocasse muitas expectativas pois eu não contava com ser aprovada no processo. E foi então que ela, com muita firmeza, disse que se fosse para eu entrar no processo, seria para dar 200% de mim em tudo, caso contrário, seria melhor nem começar. Em outras palavras, eu precisava tomar a decisão de escalar aquela montanha ou voltar para casa.
Essa conversa foi o que mudou a minha forma de olhar para o programa de Trainee. Decidi que o foco era sim ser aprovada, mas como uma consequência do meu objetivo principal: saber que dei tudo de mim em cada uma das etapas. E foi assim, buscando esgotar todos os recursos que eu tinha ao meu alcance naquele momento, estudando por horas e noites a dentro e, principalmente, me apoiando nas pessoas que eu tinha ao meu redor - algumas delas amizades cultivadas na Liga inclusive - que eu cumpri o meu objetivo etapa após etapa e fui uma das 43 pessoas selecionadas em meio a 86 mil inscritos para compor a turma de Trainees 2021 do Itaú.
O processo seletivo como um todo me trouxe muitos aprendizados, destaco o de que as alianças que construímos ao longo da vida são um bem mais precioso do que imaginamos, e que, mesmo assim, cada pessoa tem um caminho que é muito único e pessoal e por isso não deve ser regido pelo caminho de outras pessoas. E claro, o meu maior aprendizado do ano de 2020: nenhuma montanha é alta demais para ser escalada.